DO MASSACRE DE IPATINGA
O jornalista e professor universitário Marcelo Freitas lançou, na última terça-feira, o livro “Não foi por acaso”, que conta a história dos trabalhadores que construíram a Usiminas e morreram no massacre de Ipatinga, em 1963. No auditório da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, bairro Prado, Freitas fala, 46 anos depois do ocorrido, de sua dedicação para descobrir o que realmente aconteceu naquela ocasião.
“Não foi por acaso” traz a história de vítimas e testemunhas da tragédia. O silêncio que calou a mídia brasileira a respeito do acontecimento não impediu o repórter de recolher depoimentos das pessoas que assistiram a tudo: familiares, trabalhadores, médicos, enfermeiros, motoristas, policiais, executivos.
O foco maior do livro é a dúvida sobre o número de mortes. Até hoje, sempre foi divulgado que oito pessoas morreram no massacre, mas o jornalista tenta provar, mediante inúmeras investigações, que esse número de mortes é falso. Marcelo Freitas estuda o caso desde 1988 e está convicto de que a tragédia não matou apenas oito pessoas. Ele afirma que foram enviados à Usiminas de 32 caixões, encomendados na funerária da Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte. Além disso, Freitas entrevistou famílias cujos integrantes sumiram durante a confusão em Ipatinga.
O jornalista explicou, na palestra, que de todas as fontes procuradas, ele só não obteve retorno da Usiminas, uma das principais envolvidas do caso. Mas, a recusa não foi suficiente para abafar o faro jornalístico de Marcelo Freitas, que, durante 21 anos, investigou insistentemente o caso. Hoje, o jornalista tenta provar, com o livro, que o povo brasileiro sabe muito menos do que realmente aconteceu em 7 de outubro de 1963, na cidade de Ipatinga.